Policiais do Bope, Tropa de Choque e o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Secretaria de Justiça (Sejuc) ocuparam, ao meio-dia desta terça-feira (24), a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, para realizar uma revista minuciosa nos pavilhões. O presídio enfrenta rebeliões desde o sábado (14), quando 26 detentos morreram.
As equipes também vão apoiar a colocação de um muro de contêineres para separar as duas facções rivais do presídio e em uma série de ações emergenciais para tentar conter as rebeliões e fugas.
Policiais e agentes penitenciários chegaram por volta das 7h30 (8h30 horário de Brasília) ao presídio para dar início à ocupação, que só começou às 10h, com a entrada da Tropa de Choque.
Às 9h40, pouco antes da intervenção, os presos se recolheram aos pavilhões e começaram a rezar.
Às 10h20, houve uma ordem de rendição para os presos do pavilhão 2. Em seguida, os policiais seguiram em direção ao pavilhão 1, onde usaram bombas de efeito moral. Às 11h30, policiais ocupavam os pavilhões 1, 2 e 3. Já o GOE havia ocupado os pavilhões onde ocorreu o massacre de 26 detentos: 4 e 5.
Apesar da presença dos policiais, os presos continuavam soltos nos pavilhões durante a manhã. O G1 flagrou mais um preso falando ao celular no telhado. Na madrugada, os presos retiraram as bandeiras de facções criminosas dos telhados do presídio.
Em Natal, circulação de ônibus ainda não foi totalmente retomada após uma série de ataques provocada pelos confrontos no presídio.
Ações no presídio
Às 11h20 o primeiro contêiner e uma retroescavadeira foram posicionados dentro da unidade. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do estado (Sesed), a operação, que começou no sábado (21), foi paralisada porque foi preciso montar um plano de operações para o trabalho ser realizado.
A medida, segundo o governo, é temporária até que um muro definitivo seja construído dividindo os pavilhões 1, 2 e 3 (ocupados por membros do Sindicato do RN) dos pavilhões 4 e 5 (dominados pelo PCC). Os contêineres, cada um com 12 metros, darão lugar a um muro de concreto de 90 metros de extensão. Ainda de acordo com o governo, a construção deste muro permanente levará 15 dias.
A intervenção foi anunciada nesta segunda pelo secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed), Caio Bezerra, que também divulgou uma série de medidas urgentes (veja a lista) para tentar solucionar o problema do presídio.
Questionado se a intervenção irá, de fato, resolver o problema das armas no presídio. "Sem dúvida nenhuma. Já tirei vários caminhões com armas brancas, com facões, com lanças", disse.
Outro objetivo é encontrar os corpos de outras possíveis vítimas das rebeliões. Nesta segunda, o Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) recolheu mais uma cabeça no local. De acordo com o Itep, isso não significa o aumento do número de mortos, porque alguns corpos foram liberados para as famílias sem as cabeças.
Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal. Com capacidade para 620 presos, a unidade possui atualmente 1.150 detentos. A grande maioria dividida em duas facções criminosas. De um lado o PCC. Do outro, o Sindicato do RN, dissidente da facção que nasceu nos presídios de São Paulo.
Veja as medidas anunciadas pelo governo:
- reparos nos pavilhões 2 e 3, que serão fechados, de modo a trazer todos os presos para eles e deixar separados os do pavilhão 5;
- colocar cerca externa com sistema de alarme afastada 50 metros do entorno de Alcaçuz, para ter um perímetro de segurança para evitar entrada de armas no presídio;
- executar uma obra de eclusas, portões coordenados, abertos e fechados, para garantir entrada de forças policiais no pavilhão 5;
- reparar as guaritas interditadas;
- implantar sistema de videomonitoramento;
- realizar a limpeza da vegetação no entorno;
- concluir o muro interno que separa o pavilhão 5 dos demais para manter os grupos rivais afastados;
- realizar o concretamento na base da murada para dificultar a escavação de túneis;
- concluir a iluminação externa.
Fonte: G1RN
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