ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral disse em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, nesta quinta-feira (27), que os itens de luxo comprados por ele e pela mulher, Adriana Ancelmo, foram pagos com recursos próprios e que, em determinados casos, esse dinheiro era proveniente de caixa 2. De acordo com o governador, o dinheiro era de sobras de campanhas eleitorais, que ele usava para fins pessoais.
Cabral, Adriana e outras três pessoas respondem a um processo em que em que o Ministério Público Federal acusa o ex-governador de receber dinheiro da construtora Andrade Gutierrez, para ajudar a empreiteira a conseguir licenças estaduais para realizar obras da construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que pertence à Petrobras.
No depoimento desta quarta-feira, Cabral foi orientado pela defesa a responder apenas às questões feitas pelos próprios advogados. A resposta sobre a origem do dinheiro para pagar os artigos de luxo veio em uma dessas perguntas, quando ele foi questionado sobre quem fazia as compras, se era ele ou a mulher.
Embora tenha reconhecido o uso de caixa 2, Cabral nega que esse dinheiro tenha sido pago pela Andrade Gutierrez.
"As compras eram feitas por mim, com recursos meus e sob minha responsabilidade. Havia alguns produtos que ela poderia escolher o produto. Alguma coisa para a casa, algum vestido que eu havia comprado para ela. Agora, são recursos meus. Recursos próprios meus e recursos... Eu vejo aqui, doutor Moro, que vossa Excelência tem ouvido aqui muitas observações a respeito de caixa 2, de sobra de campanha. Isso é fato. Isso aí é um fato real na vida nacional e eu reconheço esse erro. São recursos próprios e recursos de sobras de campanha, de caixa 2. Foi com esses recursos, nada a ver com a minha mulher e muito menos com essa questão dessa acusação de Comperj", disse.
Cabral justificou o recebimento de dinheiro não contabilizado na campanha ao fato de ser um político com "alto desempenho eleitoral" dentro do Estado do Rio de Janeiro. "Eu não posso negar que houve o uso de caixa 2 e houve o uso de sobras de campanha de recursos, em função de eu ter sido um político sempre com um desempenho eleitoral muito forte no estado, o financiamento acontecia e esses fatos são reais", afirmou.
Durante o depoimento, o ex-governador tentou ainda isentar a mulher, Adriana Ancelmo, de qualquer participação nas irregularidades. "Minha mulher não conhece nenhum desses personagens que são citados, executivos da Petrobras, etc. São responsabilidades minhas, diretas", garantiu.
Fonte: G1 Paraná
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