SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta nesta quarta-feira, a partir das 14hm depoimento ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. O interrogatório é o passo final antes da sentença de Lula em um processo que já dura oito meses, marcado por discussões entre o juiz Sergio Moro e os advogados do petista. O juiz e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, foram inclusive processados pelo ex-presidente por suas atuações nesse processo. Ontem, a defesa de Lula recorreu ao Superior Tribunal de Justiça para tentar novamente adiar o depoimento.
Pela primeira vez diante do juiz Sergio Moro, Lula poderá dar sua versão sobre o tríplex do Guarujá. Além disso, o ex-presidente terá de explicar o armazenamento do acervo presidencial, pago pela OAS, e ainda rebaterá a acusação de que seria o “comandante” do esquema de corrupção da Petrobras, como tem sido apontado por delatores.
No que diz respeito ao apartamento, a Lava-Jato investiga a ocultação, por parte de Lula, na compra e reforma do tríplex no Guarujá. Como provas, o Ministério Público Federal apresentou fotografias de Lula visitando o imóvel, trocas de mensagens de Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS) sobre a reforma, a pedido da mulher de Lula, Marisa (morta em fevereiro deste ano), e uma rasura no termo assinado entre a ex-primeira-dama e a cooperativa Bancoop, em 2006: abaixo da numeração do apartamento 141 adquirido por ela, uma unidade normal, está a numeração 174, do apartamento tríplex.
Segundo os procuradores, essa alteração significaria que, desde o início, a família Lula tinha interesse na compra da cobertura de três andares.
Em meio à negociação de delação premiada, Pinheiro e outros executivos da OAS confirmaram as acusações feitas pelo Ministério Público.
A defesa que Lula adota há mais de um ano deverá ser repetida ao juiz: Marisa comprou uma cota do prédio, pagou as parcelas à Bancoop e desistiu de confirmar a compra após a transferência do empreendimento da cooperativa para a OAS. Como tinha um crédito pelas parcelas pagas, a empreiteira ofereceu outro apartamento, o tríplex. Após a visita, todavia, a família Lula não teria se interessado.
DERROTAS NA JUSTIÇA NA VÉSPERA
O dia anterior ao julgamento foi marcado por derrotas na Justiça e por tentativas de última hora de adiar a audiência. Depois de a Justiça Federal ter negado o pedido de adiamento e mantido o interrogatório do petista em Curitiba, a defesa de Lula recorreu na terça-feira à noite ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na tentativa de postergar, mais uma vez, o depoimento. Para completar, no mesmo dia, um outro juiz decidiu suspender as atividades do Instituto Lula, em São Paulo. Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, classificou a entidade como “local de encontro para a perpetração de vários ilícitos criminais”.
Fonte: O Globo
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