INFÂNCIA
Lembro a infância,
o sítio, a vida na fazenda:
meu pai cuidando do gado de meu avô,
trabalhadores cultivando a terra,
lutando contra a aridez.
Minha mãe cuidava da casa, das galinhas
e arrumava os filhos para ir à escola.
Tempo seco aquele... e de poucos sonhos.
Escassez de água,
o cinza dominando a paisagem.
Vacas de tetas murchas,
cavalos magros,
homens e seus degredos.
Murilo queimava xiquexique para o gado,
Baé fazia as tarefas da agricultura,
Pedro Medeiros consertava as cercas, a parede do açude, as estradas carroçáveis
e insultava os meninos que sonhavam com uma vida diferente na cidade.
Voltei ao Sítio Sombra – Fazenda Bom Negócio
trinta e tantos anos depois.
Memórias.
Meu pai desertara da atividade rural,
meu avô vendera a propriedade
e tempos depois sucumbira num desastre de automóvel.
Murilo girou o mundo e depois casou-se com minha tia Mariquinha,
Baé morrera de picada de cobra,
Pedro Medeiros não sei por onde anda.
Distante do Sertão de Angicos
realizei sonhos e tristezas,
sofri de saudade e de esperança,
sabendo que os açudes secam
e a lágrima inunda os olhos quando lembramos a infância.
30/12/2005
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