Família Venancios : Infância do poeta e procurador Federal Vital Nogueira: experiência e linguagem poética - O IRREVERENTE

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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Família Venancios : Infância do poeta e procurador Federal Vital Nogueira: experiência e linguagem poética


INFÂNCIA

Lembro a infância,
o sítio, a vida na fazenda:
meu pai cuidando do gado de meu avô,
trabalhadores cultivando a terra,
lutando contra a aridez.

Minha mãe cuidava da casa, das galinhas
e arrumava os filhos para ir à escola.

Tempo seco aquele... e de poucos sonhos.

Escassez de água,
o cinza dominando a paisagem.


Vacas de tetas murchas,
cavalos magros,
homens e seus degredos.

Murilo queimava xiquexique para o gado,

Baé fazia as tarefas da agricultura,

Pedro Medeiros consertava as cercas, a parede do açude, as estradas carroçáveis
e insultava os meninos que sonhavam com uma vida diferente na cidade.

Voltei ao Sítio Sombra – Fazenda Bom Negócio
trinta e tantos anos depois.

Memórias.

Meu pai desertara da atividade rural,
meu avô vendera a propriedade
e tempos depois sucumbira num desastre de automóvel.

Murilo girou o mundo e depois casou-se com minha tia Mariquinha,

Baé morrera de picada de cobra,

Pedro Medeiros não sei por onde anda.

Distante do Sertão de Angicos
realizei sonhos e tristezas,
sofri de saudade e de esperança,
sabendo que os açudes secam
e a lágrima inunda os olhos quando lembramos a infância.


30/12/2005





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