Responsável pela decisão administrativa que negou ao ex-presidente Lula a permissão de ir ao enterro do irmão, o superintendente da Polícia Federal no Paraná, Luciano Flores de Lima, voltou a defender, nesta quinta (31), os argumentos do órgão, e disse que atender ao pedido da defesa era impossível.
"Temos que botar na balança se é possível e se o pedido vai ser alcançado", afirmou, depois de questionado pela Folha de S.Paulo durante entrevista sobre a nova fase da Operação Lava Jato.
"Eu não entendi a polêmica. Simplesmente não era possível; não dependia da boa vontade de ninguém. Apenas não havia condições logísticas e policiais suficientes para garantir a segurança do próprio conduzido e dos agentes públicos."
O irmão de Lula Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi enterrado nesta quarta (30) em São Bernardo do Campo.
A defesa do ex-presidente pediu que ele fosse ao local, argumentando que este era um direito humanitário e previsto em lei, mas a permissão só foi concedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), depois de duas negativas da Justiça, pouco antes do sepultamento.
Flores afirmou que não havia condições logísticas e, principalmente, de segurança para fazer o transporte e escolta de Lula até São Bernardo do Campo.
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Além da falta de aeronaves disponíveis, a PF mencionou riscos de manifestações e aglomerações durante o enterro, e que poderiam, segundo o órgão, criar possibilidades de fuga ou colocar em risco a integridade física do ex-presidente e dos agentes de segurança.
"Vocês viram, todos são testemunhas da dificuldade que é tirar alguém de um local cercado por uma multidão que, por uma razão ideológica, não quer que uma medida judicial, dentro de um Estado de Direito, seja cumprida", declarou o delegado, mencionando as manifestações em abril do ano passado, quando Lula foi preso, e quando de sua condução coercitiva, em 2016.
O delegado disse que a polícia tinha que agir "com responsabilidade", e que a previsão de saída para velório de familiares, prevista na Lei de Execução Penal, não é necessariamente obrigatória.
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"Pode ser feito, não significa que deve ser feito. Cada caso deve ser analisado", afirmou.
Segundo ele, após a decisão do STF, a polícia começou a se estruturar para, entre outras possibilidades, levar uma aeronave de Brumadinho (MG) até Curitiba -a PF informou que todos os helicópteros disponíveis do órgão estavam trabalhando no resgate de vítimas e corpos da tragédia.
De acordo com o delegado, o uso de uma aeronave cedida por terceiros não foi cogitado.
"Imagine se usássemos uma aeronave particular, emprestada por alguém que não se sabe quem, conduzida por um piloto que não sabemos quem é, que vai transportar um ex-presidente, com policiais armados... Para onde? Quem garante que ele vá para o destino que ele deveria ir?".
Ao ser questionado sobre por que a polícia não sugeriu condições para a saída, como fez o STF (que proibiu manifestações públicas e determinou que Lula fosse a uma instalação militar para se encontrar com os familiares), Flores afirmou que isso não cabia à PF, mas ao judiciário ou à defesa.
O delegado falou durante cerca de 12 minutos seguidos a respeito do tema. "Tem alguma coisa aqui que eu tinha que falar", disse, ao final da entrevista coletiva. Com informações da Folhapress.
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