'Até o Fim': Sylvester Stallone, no filme de despedida de Rambo - O IRREVERENTE

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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

'Até o Fim': Sylvester Stallone, no filme de despedida de Rambo

Recapitulando – lá atrás, ao surgir em livro, Rambo (o nome era uma homenagem do autor ao poeta Rimbaud), o herói já tinha esse perfil. O ex-prisioneiro que conheceu o inferno na guerra. No cinema, o primeiro inimigo, quando Rambo chegava à América desmobilizado, era o autoritário xerife de uma pequena cidade do interior dos EUA. Rambo e o xerife representavam as duas faces da mesma moeda, e o diretor Kotcheff, que já havia feito um filme excepcional (Pelos Caminhos do Inferno, sobre a matança de cangurus na Austrália), estava seguindo a trilha de Arthur Penn, ao mostrar que os norte-americanos só conseguem resolver seus conflitos por meio da violência.

A resposta do público foi imediata e o astro Sylvester Stallone percebeu o potencial do personagem. Fez dele um emblema da era Ronald Reagan. Em Rambo 2 – A Missão, o herói vencia na ficção a guerra (do Vietnã) que os EUA haviam perdido na realidade. Em Rambo 3, enfrentava e, naturalmente vencia, os conselheiros militares soviéticos no Afeganistão. Rambo virou um eficiente soldado da Guerra Fria. Passaram-se 20 anos e, em 2008, no 4, o inimigo era outro, o exército de Myanmar. E, agora no 5, o narcotráfico mexicano, que o presidente Donald Trump não cessa de citar como inimigo da América (e por isso quer construir um certo muro).

Qualquer espectador que tenha visto os filmes precedentes sabe que os irmãos Morales e seus sicários não terão a mínima chance contra Rambo. Ele vai promover uma verdadeira carnificina – você vai perder a conta dos mortos quando ele atrai os traficantes para a rede de subterrâneos que construiu em sua fazenda. Mas isso é só parte do filme. O título já adverte – Até o Fim. Rambo, cada vez mais solitário, perde sua última família. Recolhe-se à cadeira de balanço, como o mais patético dos personagens do mestre John Ford, Hank Worden, em Rastros de Ódio. É um filme sobre perdas. As coisas mortas que permanecem vivas na lembrança e as vivas que começam a desaparecer. Não é um filme catártico. Tudo se perdeu, no mundo atual, e Rambo sabe disso. Ao contrário de Rocky, seu outro personagem emblemático, Stallone não vê um sucessor para Rambo. É um filme de despedida.

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