O consumo de oxigênio hospitalar chegou a quintuplicar em algumas localidades do país, com o agravamento da pandemia do novo coronavírus, preocupando cidades, que temem registrar mortes devido à falta do gás, além de gestores, órgãos de controle e empresas, que se movimentam para evitar o desabastecimento.
Monitoramento do Ministério da Saúde aponta que seis estados apresentam situação crítica em relação ao nível de oxigênio medicinal disponível. São eles: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Ceará e Rio Grande do Norte.
Além disso, Pará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão em estado de atenção. A informação foi dada nessa segunda-feira (22/3) pelo diretor de Logística do Ministério da Saúde, general Ridauto Fernandes, durante reunião do Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia de Covid-19 (Giac).
Roraima apresenta uma das maiores taxas de crescimento do consumo do gás hospitalar. Ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde informou que, considerando dados de fevereiro, o consumo médio hoje gira em torno de 2.616,4 metros cúbicos (m³) por dia, o equivalente a 73.259,2 m³ no mês. Em novembro do ano passado, a quantidade consumida tinha sido de 13.346 m³ – ou seja, houve alta de 448,9% nesse período.
Ainda no Norte do país – região que já vivenciou, em janeiro deste ano, o desabastecimento do gás no estado do Amazonas –, Amapá teve um aumento superior a 200%, segundo dados da empresa White Martins, principal fornecedora do setor. Em Macapá (AP), a ampliação da rede de atendimento elevou o fornecimento de cilindros de oxigênio de 14 para 70 unidades por dia.
Após ser cobrado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o Ministério da Saúde informou, no domingo (21/3), que vai aumentar o fluxo diário de insumo enviado a Acre e Rondônia – outro estado que pode sofrer com o desabastecimento – por tempo indeterminado.
No Distrito Federal, a White Martins revelou ao Metrópoles que a demanda diária de oxigênio aumentou 97% nos últimos sete dias, em comparação com o mesmo período de janeiro. Por sua vez, Águas Lindas de Goiás registrou, nessa terça-feira (23/3), desabastecimento do gás na rede de saúde e recebeu apoio emergencial do Governo do Distrito Federal (GDF), segundo a Coluna Janela Indiscreta.
Por meio de uma notificação ao governo do Mato Grosso – também na região Centro-Oeste –, na segunda-feira (22/3), a empresa Dois Irmãos, que fornece oxigênio medicinal para 28 municípios do estado, declarou que está com o estoque do material em falta e que o insumo só estará disponível para venda na quinta-feira (25/3). Por sua vez, o governo do estado afirmou que a crise gerada pela falta de oxigênio medicinal afeta, na verdade, 50 municípios.
Já em São Paulo (SP), 10 pacientes com Covid-19 da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Ermelino Matarazzo, na zona Leste da capital, tiveram que ser transferidos, nesse sábado (20/3), para o Hospital de Itaquera por falta de oxigênio. Segundo profissionais da unidade de saúde do Hospital de Itaquera, os pacientes chegaram durante a troca de plantão e estão todos em estado grave.
E no Rio Grande do Sul, o aumento do consumo foi expressivo, segundo relatado pelos serviços à Secretaria de Saúde: mais de 300%. A pasta informou, entretanto, que a logística de entrega e reabastecimento no estado, até o momento, não tem sido um entrave para o abastecimento das instituições hospitalares, UPAs e pronto atendimentos.
Por sua vez, no Nordeste, mais especificamente em João Pessoa (PB), a White Martins relatou que o consumo de oxigênio líquido cresceu cerca de 15% e o de oxigênio gasoso (em cilindros) mais que dobrou apenas nas últimas duas semanas, em comparação aos 15 dias anteriores.
Por Jair Sampaio
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