Nascido em Caraúbas, interior do Rio Grande do Norte, o mecânico José Valdetário Benevides Carneiro amava as artes e o teatro. Gostava também de usar chapéu de cangaceiro e tinha como ídolo Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o “rei do cangaço”.
Policiais atribuem ao bando de Valdetário, extraoficialmente, a autoria de ao menos 100 ataques a bancos em vários estados brasileiros entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000. A quadrilha agiu, principalmente, em Caraúbas, Apodi, Macau e Umarizal, no Rio Grande do Norte.
A vida de Valdetário, apontado por policiais nordestinos como o precursor do “novo cangaço” —expressão usada para designar as ações violentas de quadrilhas responsáveis por ataques a agências bancárias em cidades do interior do país—, começou a mudar de rumo a partir de 1991.
Prisão e humilhação
Foi quando a Justiça o condenou —injustamente, segundo ele dizia— a sete anos e meio de prisão. Valdetário foi acusado de ter roubado um Ford Pampa com o primo Agnaldo Benevides Carneiro, o Galego. Segundo versão policial, o crime foi cometido no município de São Bento, na Paraíba.
Ambos foram presos e humilhados em praça pública na vizinha Caraúbas, no estado potiguar. Policiais amarraram os dois em uma caminhonete e desfilaram com eles pelas ruas da cidade. A punição foi aplicada como forma de servir de exemplo para outros eventuais criminosos. Valdetário e Galego foram levados para uma prisão na Paraíba, de onde fugiram um ano e meio depois.
O precursor do “novo cangaço” não deu sorte. Acabou recapturado no dia seguinte e ficou mais quatro anos e seis meses atrás das grades na Penitenciária de Campina Grande. Mal saiu em liberdade e foi acusado por outro crime: O roubo de um carro e R$ 13 mil em dinheiro de uma fábrica em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Mais uma vez Valdetário se disse injustiçado e resolveu investigar o caso por conta própria. Ele identificou dois ladrões e os obrigou a devolver os pertences das vítimas. Por conta disso passou a ser admirado por muitos. Valdetário também se vingou do comerciante que o acusou de ter roubado o Ford Pampa em São Bento. Em 1997, ele voltou à Paraíba e matou Geraldo Francisco dos Santos.
Fonte: UOL Notícias
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