A Justiça condenou três pessoas pelo assassinato do 3º sargento da Polícia Militar João Victor Serafim Ramos, de 37 anos, que ocorreu em 30 de junho de 2023, no bairro Felipe Camarão, na Zona Oeste de Natal.
O policial foi atingido por pelo menos 21 tiros, segundo o Ministério Público do Rio Grande do Norte, autor da denúncia.
A maior pena aplicada foi de 36 anos e 10 meses, para um dos acusados apontado como chefe local de uma facção criminosa. O julgamento demorou mais de 14 horas para ser concluído.
Segundo o MPRN, o trio, julgado pelo 2º Tribunal de Júri de Natal, foi condenado por:
integrar organização criminosa armada;
homicídio duplamente qualificado;
por ter sido praticado mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima;
e por haver sido cometido contra agente de segurança pública, em decorrência da função;
André Luiz Souza Santos também foi condenado por porte ilegal de arma de fogo.
De acordo com a denúncia do MPRN, os três homens faziam parte de uma facção criminosa com atuação no Rio Grande do Norte.
Logo após o crime, em 2023, pelo menos seis pessoas foram presas pela polícia por envolvimento, além de um adolescente apreendido.
Policial foi atraído para emboscada, diz MP
Segundo o MPRN, o que ocorreu no crime teve início na noite do dia 29 de junho de 2023, um dia antes do policial ser morto. De acordo com o MP, naquele dia, um casal residente de Felipe Camarão discutiu em contexto de violência doméstica.
Foi quando o namorado da filha do casal, um adolescente, acionou uma facção criminosa no intuito de, segundo o MPRN, tentar “apaziguar” a situação.
Dois dos condenados - Davy Lucas Medeiros dos Santos Moreira e Keven Sousa do Nascimento - e um adolescente, membros da facção, foram ao local e, durante a conversa, a mulher mencionou que o companheiro “colava com polícia”.
A afirmação da mulher, segundo a denúncia do Ministério Público, fez com que todos fossem levados ao morro de Felipe Camarão - em um local conhecido como “paredão” - onde estava a liderança local da facção, André Luiz de Souza Santos, conhecido como “Fantasma”.
"Após confirmarem que o contato telefônico do policial militar João Victor Serafim Ramos constava na lista telefônica do celular do homem, a organização criminosa articulou a morte do policial. O casal, aderindo a ordens da organização, articulou uma emboscada para o policial", contou o MP
No dia seguinte, em 30 de junho, por volta das 12h, João Victor Serafim Ramos chegou à residência do casal e foi surpreendido pelos criminosos, que efetuaram diversos disparos de arma de fogo, atingindo-o com pelo menos 21 tiros e impossibilitando sua defesa.
Entre maio e agosto de 2023, pelo menos 4 policiais militares - da ativa ou da reserva - foram mortos no bairro Felipe Camarão. Laudos apontaram que pelo menos três deles foram atingidos pelo mesmo armamento.
Relembre os casos:
19 de maio: o sargento da reserva Ionaldo Soares da Silva, de 57 anos, foi cercado por cerca de 10 criminosos, que dispararam pelo menos 15 vezes contra ele na Rua São João.
11 de junho: o sargento Silva Filho foi morto a tiros quando chegava em casa, de carro, na Rua Todos os Santos. Ele era lotado no 4º Batalhão da PM, na Zona Norte da capital.
30 de junho: o 3º sargento João Victor Serafim Ramos foi morto por volta do meio-dia ao chegar na frente de uma casa na Rua Santa Isabel.
12 de agosto: o cabo da reserva Francisco de Assis da Silva foi morto a tiros por volta das 21h20 na Rua Itamar Maciel.
Por G1 RN
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