A casa do presidente eleito Jair Bolsonaro virou ponto turístico na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Com o aumento do movimento em frente ao condomínio da Avenida Lúcio Costa 3.100, ambulantes e donos de quiosques da região comemoram o resultado das eleições e o crescimento do faturamento. Logo ao lado da cancela de entrada, um vendedor — que prefere não dar entrevistas para não chamar a atenção da concorrência e das autoridades — comercializa blusas e copos estampados com o rosto do político. Bandeiras do Brasil e bonecos do ex-presidente Lula vestido como presidiário e do juiz e futuro ministro da Justiça Sergio Moro como super-herói também fazem sucesso e são exibidos em cima de dois carros estacionados ali há 90 dias. Os itens custam de R$ 4,99 a R$ 30, segundo o ambulante conhecido apenas como Papito. A farta clientela pode até pagar com cartão de crédito ou débito.
O movimento na porta do condomínio é constante: em menos uma hora, cinco blusas foram vendidas a pedestres e pessoas que param os carros só para comprar souvenires.
Morador de Teresópolis, na Região Serrana, André Guimarães, de 45 anos, passou a manhã de domingo em frente ao condomínio do futuro presidente, na tentativa de entregar a ele um encarte do supermercado onde trabalha como gestor de compras, mas apenas viu passar o comboio que levava o político a uma competição de jiu-jitsu. Durante a espera, ele comprou uma bandeira do Brasil e uma camisa com o rosto do capitão.
— Eu não votava desde 2002, mas fiz questão de ir a Paty do Alferes (RJ) votar nele — disse.
Vendedor de comida caseira, Anderson Silva, de 28 anos, registrou uma alta de 33% em seu faturamento. Se antes o foco das refeições servidas em quentinhas — que custam de R$ 10 a R$ 12 e são vendidas num carro parado na Avenida Lúcio Costa — eram motoristas de táxi e Uber, agora o público-alvo inclui eleitores que aguardam uma saidinha do presidente eleito, assim como jornalistas e cinegrafistas que fazem plantão no local.
— Achamos que o movimento ia acabar com a eleição, mas continua bom, e aumentamos o cardápio. Antes, vendíamos de 30 a 40 quentinhas por dia. Hoje, saem pelo menos dez a mais.
Funcionário do quiosque Cocoloko, a cerca de 50 metros da casa de Bolsonaro, João Batatinha afirma que o novo ponto de interesse tem como resultado vendas melhores de quinta-feira a domingo, principalmente de água de coco e cervejas. Por conta do movimento maior, foi necessário contratar mais uma pessoa para atender os clientes.
— Está sendo bom para todo mundo — disse ele, sem revelar o quanto o faturamento subiu.
Nas areias em frente ao condomínio, o aposentado Arapoan Fernandes de Carvalho, de 70 anos, e o filho Arapoan Fernandes de Carvalho Filho, de 51, soltavam uma pipa gigante com as palavras “Bolsonaro”, “mito” e “vitória”, além do número 17.
— Estamos fazendo outra, com uma grande bandeira do Brasil, para levar à posse, em Brasília (em 1º de janeiro). Vamos sair do Rio — eu, minha mulher, meus pais e minha filha — no dia 29 de dezembro, de carro — disse Filho.
O pai se diz empolgado:
— Toda a nossa família votou nele. Vamos a Brasília ver esse momento histórico.
Em frente ao condomínio, o mecatrônico Paulo Campello, de 64 anos, usava um equipamento de som — apelidado de Homem-Bomba pela potência do microfone e das caixas — para demonstrar apoio a Bolsonaro e protestar contra o Supremo Tribunal Federal (STF):
— É a quarta vez que venho, mas ainda não vi o presidente.
Visitantes movimentam região
O novo point da Barra da Tijuca atrai não apenas cariocas, mas também turistas de passagem pela Cidade Maravilhosa. Moradora de Vila Velha, no Espírito Santo, Cintia Venâncio, de 51 anos, fez questão de tirar fotos em frente ao condomínio do presidente eleito, batendo continência e fazendo referências a armas. A personal trainer e o marido, Heliomar Venâncio, de 52 anos, vieram ao Rio para assistir a um casamento e incluíram a visita diferente no tour que fizeram na manhã de ontem:
— Estava no nosso roteiro. Venho direto ao Rio, mas nunca tinha passado por aqui. Votei nele nos dois turnos e votaria num terceiro, se houvesse — disse Cintia.
Vindo de Recife, em Pernambuco, a advogada Kelly Jerda, de 32 anos, também fez uma “visitinha” com a família ao presidente eleito e registrou tudo com selfies e uma transmissão ao vivo numa rede social.
— A gente estava aqui pertinho e não deu para resistir. Comprei uma blusa que será para a vida. Sei que vou usá-la por, pelo menos, oito anos — disse Kelly, vestindo a camisa por cima do vestido.
Por EXTRA
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